quinta-feira, 9 de julho de 2009

1ª impressão(1ºepisódio)

Fui criado numa família digna. Os traços fracos da minha textura alva e sensível não condiziam com a forte pele dos meus supostos progenitores. Como eu havia parado ali, porém, eu não sabia. Fui treinado nas artes da música, da luta e nas tradições atenienses da época. Aos 18 anos, em 432 A.C., voltei para casa, depois dos treinamentos com meu mentor.

As tensões aumentavam, os anciões diziam. Meus pais tiveram uma idéia inusitada, quiseram levar-me para morar na Platéia. A discrição de nossa ida assustou-me, na época não imaginava o por que. Mesmo indagando várias e várias vezes, ninguém me respondia. Ao chegar à cidade, meu primo Eseus nos forneceu abrigo. Havia vários guardas na frente da casa, imaginei que fosse por causa do alto cargo militar de meu parente.

Os dias se passavam e eu aproveitava o passeio. Apesar do clima, conseguia observar a cidade nas minhas caminhadas matinais. Degustava o vinho local e adquiria as cerâmicas bem-feitas da região. Na primavera de 431 A.C., andando nas ruas calmas de Platéia, 10 homens aproximaram-se e investiram contra mim. Eu me preparei para a batalha. Usando os artifícios atenienses de luta, resisti até que vários guardas viessem em meu auxílio. Um deles gritou “São de Tebas!”. “São de Tebas!”.

No dia seguinte, a Guerra do Peloponeso estava finalmente declarada. As forças tebanas e espartanas, ultrajadas com a acusação de atentado, avançaram aos portões da minha cidade-abrigo. O cerco durou alguns anos, lutei em todos. Consigo sentir a areia quente nos meus pés da última batalha até hoje...

“Perseu, acorde! Eles estão aqui de novo!”. Corri para meu posto. Com a lança e o escudo em mãos urrava contra os espartanos que vinham em minha direção. Mesmo com o portão arrebentado, eu corri em direção a eles, acompanhado de centenas de soldados atrás de mim. Meus ombros queimavam ao sol. Num salto certeiro, atravessei um inimigo por inteiro. Girei, cortei a perna de mais um. As flechas circulavam como pássaros curiosos. Uma delas acertou o lado esquerdo do meu capacete, arrancando-o.
Meus cabelos voaram a favor do vento, mostrando sua brancura. Aquilo deixou os tebanos atacantes perplexos, momento o qual eu aproveitei. Nocauteei mais um. Os aliados começavam a minguar no meio de tantos espartanos e tebanos. Até que uma flecha alvejou minha coxa direita e um escudo acertou minha têmpora esquerda. A temperatura começou a baixar, não sentia mais o chão quente.

Falando nisso, aceita chá?

Nenhum comentário:

Postar um comentário